NOTA PARA O PLANO B: Carlos Souza deixou a carreira em uma multinacional para mudar a educação online no Brasil
Há 10 anos, existe lá fora um movimento batizado de OpenCourseWare (cursos de código aberto), em que universidades de renome como MIT, Harvard e Stanford disponibilizam na internet suas principais aulas. Porém, claro, eram em inglês — língua fluente para apenas 2% dos brasileiros.
Pois desde o final de fevereiro, está no ar o
Veduca.com.br, portal com mais de 4.700 vídeos e 212 aulas internacionais legendadas em português. Os temas vão de medicina clássica e matemática a discussões sobre a crise econômica internacional e palestras de famosos como Steve Jobs. No primeiro mês, os vídeos foram vistos mais de 73 milhões de vezes. O próximo passo será filmar as aulas de universidades brasileiras. Confira a seguir um papo com Carlos Souza, o engenheiro dono da ideia.
* Como surgiu o Veduca?
Souza:
Existe uma grande demanda por educação online no país. O Brasil tem a
quinta maior população de universitários do mundo, 6,1 milhões. Dos 80
milhões de internautas brasileiros, 66% já utilizam a web com fins
educativos. Então, resolvi largar minha carreira em uma multinacional e
investir nisso. A ideia é simples: oferecer videoaulas das melhores
universidades do mundo em português e grátis. Já nos próximos meses,
também vamos começar a filmar e colocar no site videoaulas de
universidades brasileiras. As parcerias estão sendo fechadas.
* A internet está repleta de cursos escolares, mas poucos universitários. O portal preenche essa lacuna?
Souza: Sim, a internet está cheia de cursos online escolares,
mas não há garantia de qualidade. O Veduca será o primeiro site a
oferecer videoaulas grátis das melhores universidades do Brasil e do
mundo. Nosso propósito é democratizar a educação de alta qualidade. Os
avanços tecnológicos, em especial a internet, estão revolucionando a
educação. Em tese, qualquer pessoa conectada hoje pode assistir a cursos
universitários de primeira linha. Porém, o Brasil ainda engatinha nisso
por dois motivos: a maioria da população não fala inglês e as grandes
universidades brasileiras ainda não começaram a seguir o que MIT,
Harvard, Stanford e companhia estão fazendo: filmando suas aulas para
torná-las acessíveis a qualquer um.
* Quem irá se beneficiar com as aulas?
Souza:
Pensamos em 3 grupos: universitários, profissionais formados e
professores. Mas, além deles, qualquer pessoa com acesso à internet pode
aprender algo novo com as aulas, de onde estiver, na hora que quiser e
no seu ritmo. A importância da educação informal só deve aumentar. Não é
difícil imaginar alunos de universidades tendo aulas teóricas em casa,
na frente do computador, indo à faculdade apenas para debates. Isso
trará um bom ganho de tempo.